Nós voltamos novamente a nossa turnê, dessa vez buscando
compreender o que vei o depois para o Brasil. O objetivo de nossa turnê não é
enumerar as obras feitas, sequer é criar uma “timeline” com as mais
importantes, e sim ver recortes do que foi produzido no pais ao longo do tempo
e tentar compreender o que faz um “Super Herói Brasileiro” diferente dos outros
– Se há alguma diferença (E nós assumimos que há, vide nossa introdução.)
Gedeone Malagola o pai dos super heróis brasileiros?
Garra Cinzenta foi talvez a primeira tirinha do gênero de
super feito por brasileiros, mas nem de longe foi o único. Há um argumento a ser feito sobre
Macunaíma, o livro de 1928 ter elementos de uma história de super heroísmo, o
personagem titular é inclusive chamado de “Herói de nossa gente.”. Como esse
livro é extremamente influencial para a cultura brasileira além de ser uma obra
icônica e inesquecível, iremos falar sobre ela em uma futura postagem, longe
dessa coluna de turnê mundial.
Vamos entrar no que definiu o gênero de super heróis
diretamente no Brasil, quadrinhos, capas, roupas colantes e histórias absurdas.
E é impossível falar do começo de tais justiceiros e não falar de Gedeone
Malagola.
Ou melhor ainda, por que não deixar que as obras de Malagola
falem por si mesmas?
Em “Raio Negro”, temos um personagem fortemente inspirado
pelo Lanterna Verde da DC, uma história de origem similar, um anel com poderes
similares. Contudo o tom das histórias e o personagem em si eram um tanto
diferentes. Raio Negro era o “primeiro astronauta brasileiro” e fazia parte da
Força Aeronáutica Brasileira, em sua história de origem ele é um candidato
escolhido por lideres (fictícios) da ditadura militar brasileira para tal
viagem.
Curiosamente (ou talvez pelo personagem ter sido criado no
primeiro ano de tal ditadura militar) a presença dos militares no poder do
Brasil é algo que é sequer tocado ou refletido na revista. É apenas “como as
coisas são”. É interessante o contraste ler um gibi do Lanterna Verde nessa mesma época onde ele é
um mero civil, quando ambos os personagens agem independentemente de seus
governos. O Raio Negro pode ser um militar, parte da ditadura militar do pais,
mas ele é acima disso um Super Herói, e ele procura proteger todos aqueles que
cruzam o seu caminho independentes de seus contextos ou afiliações politicas,
que raramente surgem nas histórias.
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Outro personagem que foi criado por Malagola e que era
publicado junto com Raio Negro em almanaques da época era o misterioso Homem-Lua.
Este personagem interagia com diversas
figuras brasileiras, inclusive tribos indígenas, e suas histórias sempre tinham
o tema do misterioso, do estranho. Claramente inspirado no “Fantasma”, mas as
histórias tinham um tom bem próprio. Ele está mais para um “irmão” de tal
famoso personagem do que uma mera cópia, tal qual o Raio-Negro.
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A presença de Malagola se estende até mesmo ao popular
Capitão 7, ao qual ele era um dos roteiristas. Tal personagem tem o curioso
nome derivado do canal de onde um programa com atores sobre o personagem era
exibido. Ele é claramente inspirado pelo Super-Homem mas suas histórias e
personalidade tinham mais a ver com Flash Gordon.
A principio, a obra desse brasileiro enquanto que popular é
derivada, mas ainda falta mencionarmos mais um dos personagens escritos por ele
– O Vigilante Rodoviário
Tal personagem não foi criado por Malagola, e sim por Ary
Fernandes. Como roteirista, Malagola trabalhou em um personagem “totalmente
brasileiro”, sem grandes elementos inspirados dos heróis americanos e com um
uniforme e profissão de uma classe que era bastante popular na época – A de
policiais rodoviário. Contudo, semelhanças com seriados americanos de “ação” ou
“aventura” da época podiam ser observadas na estrutura da trama.
O caso do Judoka
Criado por Pedro Anísio e Eduardo Baron, o personagem
brasileiro “Judoka” surgiu após a edição numero sete de “Judomaster”, em um
gibi que publicava as histórias desse personagem da DC.
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Uma série inesquecível para quem assistiu |
O caso do Judoka
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O Campeão Brasileiro! Note que na capa da esquerda, é o design do "Judomaster" da DC, personagem ao qual o Judoka substituiu eventualmente. |
A história dos dois mestres de judô é similar: Ambos
aprendem a arte marcial com um mestre japônes, mas enquanto que o original
ganha tal honra após salvar uma ilha do pacifico, a versão brasileira conhece
um mestre que o ensina, sem grandes feitos heroicos.
Judomaster original era um quadrinho de artes marciais com
vários tropes de super agente secreto,
enquanto O Judoka era basicamente um quadrinho de artes marciais de época com
alguns elementos era-de-prata vistos em quadrinhos DC e Marvel da época, com
vilões coloridos e planos absurdos, mas o foco era nas artes marciais e
referencias ao Brasil e localidades.
Herois Brasileiros
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Qualquer HQ que possua uma Múmia Incendiária merece uma revisita |
Estes são apenas alguns exemplos dos heróis que foram
publicados por aqui na mídia de quadrinhos, repare como todos tem certas
conexões conceituais com super heróis americanos, mas que ao mesmo tempo são
personagens que conseguiram existir, que tinham um público e diversas histórias
publicadas.
Se o Garra Cinzenta era uma apropriação de um conceito
não-brasileiro e colocando alguns traços de Brasil nele, esses personagens
levam isso a outro nivél. O Judoka e O Raio Negro por exemplo são conceitos de personagens
que já existiram, mas quando reescritos por um prisma brasileiro tomaram
formas, tons e até mesmo sub gêneros diferentes. Há uma apropriação e transformação
cultural nesses personagens ao que os torna icônicos.
Mês que vem, a última parte de nossa turnê por esse Brasil
Super-Heróico. Fiquem ligados!
Para nossa postagem, vamos em encontro a Justiça Jogável.
Para nossa postagem, vamos em encontro a Justiça Jogável.
Rapaz, que nostalgia me deu agora de ver o Judoka. Eu lia essa revista e ele era um dos meus heróis favoritos. Bem legal o artigo. Parabéns.
ResponderExcluirEu estou dando uma passada por alto por personagens importantes para o gênero que nasceram no Brasil, então eu apenas pude mencionar um pouco das origens do Judoka.
ExcluirÉ uma série de artigos longa, onde eu ficarei vendo personagens de outros países também, mas eu sempre quis estudar a fundo e postar mais sobre o Judoka, Raio Negro e Capitão 7. São personagens que me fascinam.
Legal as postagens, e espero que o movimento vacila renasça! Estamos vendo muitas iniciativas legais hoje em dia!
ResponderExcluirE a questão do traço acredito que seja porque os Estadunidenses tinham mais prática e tempo de uso, hoje inclusive tem muito Brasileiro desenhando os quadrinhos deles XD
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