sexta-feira, 7 de março de 2014

O super heroísmo de Shadowrun


Em julho de 2013, Shadowrun retornou com muita festa. O livro de rpg também foi lançado em 2013 o que marcou oficialmente a volta do sistema de rpg consagrado. E aparentemente sentiam falta dele, já que ele bateu vários recordes de sites de entrega digital como o Drivethru RPG

O apelo de Shadowrun sempre foi de misturar o futuro distópico, cinza e cruel visto em obras Cyberpunk com o absurdo e a cor de jogos de fantasia clássicos, como D&D. Considerando que Super Heróis tem a ver com tanto o gênero de fantasia quanto o de ciência, e que Shadowrun é um encontro dos dois gêneros de maneira direta...

...Vamos explorar o super heroísmo de Shadowrun.

Por que Super Heróis?

Se o texto não te convencer é só olhar para essa imagem para ter o motivo do "por que Super Heróis?".
Como mencionado anteriormente, por causa da facilidade de colocar Super Heróis no cenário. Sim. Shadowrun é um coquetel bem único no universo RPGistico no sentido de que ele pega um assunto sério, sombrio e joga uma paleta de cor infinita quan
do introduz magia, elfos e dragões. E isso abre a porta para os mitos coloridos que já se espalharam no coletivo da humanidade, os Super Heróis.

Doom 2099 AKA "E se o Dr. Doom fosse ainda mais legal?"
Mas ainda assim, o que sua campanha de Shadowrun ganharia com a inclusão de Super Heróis como os personagens jogadores?

A primeira coisa que vem em mente é o tom. Quando falamos de Runners, os personagens interpretados pelos jogadores, falamos de "Rebeldes contra o sistema" (Os "Punks" de Cyberpunk) e que muitas vezes não tem o dinheiro e são considerados ameaças ilegais, com muitos deles sendo mercenários crueis e de moralidade questionável, mas parte da graça do jogo é ter um grupo com todo o tipo de pessoa, uma especie de "Saltimbancos com implantes cibernéticos" (Isso é, se os Saltimbancos fosse moralmente ambíguos. E não fossem circenses e sim matadores de aluguel. E fossem fora da lei. Nossa essa foi uma comparação idiota.)

O Justiceiro 2099 já se comporta como um personagem de um novato em Shadowrun: Melodramático, violento e hilário.
Mas e se a luta contra as mega corporações não fosse algo tão cinzento assim? E se os personagens fossem odiados por aqueles no poder, mas adorados pelas massas? E se fossem mais do que meramente mercenários? Isso é uma grande mudança de tom para Shadowrun, mas o cenário suporta isso. Inclusive, ele suporta tanto o fato dos jogadores quererem fazer a diferença quanto ao seu modo cinzento e cruel de ser.

A primeira coisa que pula os olhos é a ideia de que os personagens jogáveis no jogo (E qualquer outro grupo de Shadowrunners que encontraram) usam uma identidade secreta. Inclusive, seus nomes são "apelidos de rua", nomes da Matrix (A internet no cenário) ou nomes dados por eles mesmos. E muitas vezes é justo essa nova identidade que ganha reputação e Street Cred no universo de jogo.

O "Super" Shadowrunner original
Para transformar o personagem em um ícone, basta um nome memorável, uma aparência consistente e uma ideologia constante e "bam", temos um herói. Um mito. Se ele luta por si mas enfrenta as grandes corporações, é um Anti-Herói. Se ele explode centros de neo-nazistas em nome de Orks do mundo todo, ele é um Super Herói clássico.

Mas e quanto os poderes?

Você não precisa de capas para ser icônico
Chummer, você tem implantes cibernéticos, magia, evocação de espíritos, poderes de Chi que fariam um Street Fighter se sentir realístico, armas ultra high-tech que podem ser customizadas a bel prazer além de armaduras coloridas e que expelem faíscas quando sofrem algum tipo de ataque. Super Poderes e Shadowrun são quase sinônimos.

O contexto


Homem-Aranha (2099) fita uma entrada da Mega Corporação Alchemax
Como deixar o Sexto Mundo mais amigável para Super Heróis?

Fácil. Botar uma mascará e sair por ai explodindo gangues canibais não é algo "novo". É lugar comum. Faça "Super Herói" ser sinonimo com "Hooding", a ideia de Shadowrunners ajudarem a comunidade. Pense que no mundo apresentado nos livros, é um local triste, cheio de opressão e controle. O povo desesperadamente precisa algo para acalmar suas mentes, e dai que vem as drogas e os Trideos. Mas e se os personagens jogadores vestissem mascaras e roupas icônicas justamente para tentar quebrar tais amarras do povo?

Ravage se parece e age como um Shadowrunner além de ser heroico
Boa parte do mal causado pela corporações não é meramente fisico (e espiritual se estamos falando de uma que usa bastante magia,) mas sim cultural. Não seria o maior "Hooding" de todos combater tal tipo de indocrinação, ao subistituir as estrelas do Trideo por pessoas que são maiores do que a vida? Que representam a esperança de um mundo melhor?

Esperança contra desespero.
Liberdade contra opressão.
Inocência contra perversão. 

Estes temas se encaixam como uma luva no contexto de Super Heróis e são todos 
já explorados em Shadowrun.

Super Heróis em 207X (ou 205X)

Olha só uma imagem que não é de Shadowrun ou de Marvel 2099

Implantes cibernéticos, drogas high concept, manipulação genética e magia. Selecione um, dois, ou todos.
Como Shadowrun é um sistema de pontos extremamente aberto (Quase como todos os outros sistemas 
de Supers que já vimos aqui na Playing Hero) é importante ter um conceito. 
As dicas dessa postagem são bastante válidas em especial porque nós meio que
definimos a cima qual é o contexto desse universo de supers.

Podia ser um Troll mas é o Ravage após sofrer uma mutação genética
Mas há certos limites nas regras de Shadowrun que encaixam com o cenário. Por exemplo, magia e implantes 
cibernéticos não se falam muito por motivos próprios e por ai vai, tenha em mente o universo de Shadowrun
antes de criar o personagem e tente colocar conceitos do mundo dentro dele. Por exemplo,
um super herói Troll pode ter como tema e icones seus chifres, para representar sua classe racial que 
é tratada mal por boa parte do mundo, ou talvez elementos misticos para seu herói Elfo
(que vai obviamente ter implantes cibernéticos e nada de mágico.) e por ai vai.

Faça os mitos encaixarem com o Sexto Mundo, e não ao contrário.

A Campanha
Se sua campanha parecer um álbum de Heavy Metal da década de 80, você está fazendo algo certo
O senso de progressão, heroísmo e poder é tudo.
Enquanto em uma campanha normal de Shadowrun a ambiguidade dos trabalhos e esforços dos jogadores 
são coisas presentes o tempo inteiro, na versão Supers deve ser algo a confrontado.
Os heróis devem se questionar por estarem agindo como estão. Eles representam conceitos, mitos, e 
não são meramente mercenários que matam por dinheiro
MESMO quando há um pagamento para o assassinato que estão prestes a executar.

É importante também começar pequeno, e ir lentamente mas com certeza progredindo para confrontos 
maiores e mais absurdos. Do tipo coloque gangues pequenas porém violentas, cruéis atacando o bairro. 
Faça os jogadores quererem bancar o herói. Introduza NPCs em apuros.
 Faça o local onde eles vivem ser algo abandonado pelas autoridades.

E dai coloque tais autoridades (na forma de mega corporações) atrás deles com androides experimentais, 
abominações genéticas e por ai vai.

Se tudo der errado, faça os jogadores odiarem seus inimigos. Funcionou para o Justiceiro 2099
As maiores diferenças dessa maneira de jogar Shadowrun se encontram nos personagens e como a população
reage a eles. É a clássica campanha de "Hooding" com alguns apliques de cor mas ei, as vezes é só isso que é
preciso.

Nas próximas postagens, vamos buscar heroísmo em outros RPGs que tecnicamente, não são Super.

**
Fonte da fanart do Homem-Aranha 2099 e o Batman do Futuro:
http://m7781.deviantart.com/art/batman-beyond-spider-man-2099-173171015
Para aqueles interessados em Shadowrun, a Quinta Edição está apenas 20 dólares na Drivethru rpg!

2 comentários:

  1. Gostei da mistura de gêneros, acredito que a maior mudança é deixar de ter "O" vilão para os inimigos serem as grande empresas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. No Marvel 2099 eles tem o meio termo, UMA Grande empresa que serve como a maior força antagonista. Se alguém quer Supers em Shadowrun acho que tal imprint é leitura obrigatória.

      Excluir